Conceito da identidade visual:

O Museu Digital UNILA (MUD) necessitava de uma identidade visual como definição estética para a compreensão formal da interdisciplinaridade temática das coleções em uma única plataforma e que serão difundidas a partir da convergência de estratégias expográficas presenciais e virtuais e através de ações coordenadas institucionalmente. Além disso, a identidade visual deveria representar como conceito a proposta de gerar conhecimento a partir das coleções produzidas na Universidade, e a partir das mediações e do diálogo com o seu entorno territorial fronteiriço, latino-americano e caribenho. A organização interdisciplinar das coleções a partir da UNILA e de seus múltiplos diálogos com a comunidade divide-se em acervos temáticos, como artes, história, tecnologias, vida e natureza, educação e territórios; e exposições curriculares, que transitam pela arte, pelas ciências e sociedade e que se afirmam na indissociabilidade entre cultura, ensino, pesquisa e extensão e constituem, assim, um museu científico e sociocultural. Para a composição visual da identidade do museu, considerou-se também o elemento tecnológico como principal referência, mas de modo a entrelaçar diferentes perspectivas, incluindo as tecnologias populares, da arte e dos povos ancestrais. E foi no “Quipu Inca” e na obra “Quipu Womb” que encontramos as referências visuais que traduzem e harmonizam essa proposta.

Guardado por séculos pelos moradores da Vila de San Juan de La Collata, nos Andes peruanos, segundo matéria publicada no site Aventuras na História, em 26 de abril de 2017, o quipus é uma série de combinações de cores entre cordas que funcionavam como epístolas narrativas e que, segundo relatos, continham histórias. Assim, tanto a cor, quanto a origem da fibra e a direção em que as cordas eram tecidas, também eram elementos que podiam conter informações. “Para ler um quipu, é preciso não só vê-lo, mas tateá-lo com as mãos”, afirma a antropóloga Sabine Hyland. Conforme teoria também levantada pelo antropólogo Gary Urthon, como os quipus de Collata foram feitos no século 18, “poderiam ser um tipo mais avançado de quipu, inventado após o contato com o alfabeto latino dos espanhóis. Os incas dessa época usavam quipus para passar mensagens secretas em suas revoltas contra o domínio espanhol”.

Quipus serviam também para escrever – Larco Museum Collection

Outra referência para a construção da identidade visual do Museu Digital da UNILA foi a obra Quipu Womb, exposta no museu britânico Tate Modern, em 2017, pela artista visual chilena Cecilia Vicuña. As obras dessa artista falam do movimento, da fluidez da linguagem, e muitas começam com poemas que se transformam em imagens e que desembocam em filme, música, escultura ou performance coletiva. Elas são realizadas como ações efêmeras e específicas do local, na natureza, nas ruas e em museus. Segundo matéria publicada no site “Arte que Acontece”, o trabalho de Vicuña é “impermanente e participativo”, sendo atos transformadores que preenchem a lacuna entre arte e vida, ancestral e vanguarda. Quipu Womb, ou o Útero de Quipu, é concebido como um “poema no espaço”, com referência ao fluxo menstrual e aos ciclos da natureza. A obra é baseada na prática de tecelagem indígena, no quipu, o sistema de informação utilizado pelos incas, e na cultura andina. Quipu Womb celebra a criatividade feminina e a coletividade através dos tempos.

Quipu Womb (2017), Cecília Vicuña, exposição no Tate Modern

E foi com base nessas referências que criamos a logo do Museu Digital UNILA (MUD) e toda a proposta de identidade visual concebida em seu projeto gráfico e em suas diferentes aplicações, expostas no pdf disponibilizado abaixo. A identidade visual será utilizada em meios digitais e impressos, em banners, catálogos, no layout do site e em selos das imagens próprias de cada coleção.

Identidade Visual do Museu Digital UNILA