A exposição “OUTRA(S) ARQUITETURA(S): OS POVOS E SUAS TECNOLOGIAS CONSTRUTIVAS", com maquetes e pranchas ilustrativas, realizadas pelas alunas e alunos do curso de arquitetura e urbanismo, em duas edições, em 2014 e 2019, ambas no PTI. Os trabalhos integraram a disciplina “Crítica e História da Arquitetura e da Cidade I”, ministrada pela professora Andréia Moassab. A primeira edição contou com a colaboração do monitor Fernando Kawaji.
A escolha das tipologias diz respeito a soluções habitacionais de distintos povos, com o emprego de técnicas e materiais construtivos profundamente relacionados ao seu território. Distantes da noção atual, muitas vezes superficial e enganosa de "sustentabilidade", muitos povos desenvolveram - e desenvolvem até hoje - abrigos altamente tecnológicos, com emprego de materiais locais como madeira, bambu, junco, pedra, terra, eficientes contra as intempéries e termicamente adequados ao clima e em harmonia com o ambiente.
Em 2014, a exposição mostrou quatro tipologias de diferentes partes do mundo: (1) a Habitação Xinguana, que é uma habitação multifamiliar com estrutura feita a partir de troncos e madeira e vedação de sapê, existente na aldeia Yawalapiti, no Mato Grosso; (2) Mudhif, mono espaços abobadados de junco para fins habitacionais, tradicionais no Iraque desde 3000 a.c.; (3) Quilombo Kalunga, na região da Chapada dos Veadeiros, em Goiás, cuja ocupação dispersa no território é uma estratégia de sobrevivência, assim como as casas são propositalmente camufladas na paisagem pelo emprego da terra crua (adobe); (4) Casa Bandeirante, que é um exemplo da arquitetura colonial brasileira dos séculos XVI, XVII e XVIII, feita em taipa de pilão.
Na edição de 2019, foram adicionadas diversas outras tipologias. Foram quatro tecnologias construtivas indígenas empregadas pelos Bororós, Kaigang, Pareci e Uaupés. Ainda foram apresentadas a Arquitetura Ribeirinha dos povos da amazônia e a habitação flutuante dos Uros, no lago Titicaca, entre a Bolívia e o Peru; a Kancha, unidade habitacional dos incas, que é ao mesmo tempo a célula a compor uma malha urbana ortogonal. Como na edição anterior, não podia faltar a moradia quilombola dos Kalunga, em Goiás, e a taipa de pilão da Casa Bandeirante paulista.
Com estes trabalhos abre-se a perspectiva do alunado sobre tecnologia construtiva e possibilidades mais econômicas, em harmonia com a natureza e com conhecimentos ancestrais. Desta maneira, buscamos tanto instigar pesquisas desde, para e com a América Latina quanto ampliar o acervo de referências projetivas ao futuro arquiteto e arquiteta.