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Há vida no centro histórico de Santos
Nascida na cidade de Santos, litoral de São Paulo, a estudante Maria Eugênia cursa o primeiro ano de História - Licenciatura pela Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA). A presente exposição elucida o olhar da estudante acerca das recorrentes discussões sobre a memória e o patrimônio santista, e os projetos de “revitalização” e “requalificação” do Centro Histórico de Santos.
O Centro Histórico de Santos é conhecido pelos edifícios antigos, as praças com grandes monumentos, as ruas estreitas, os postes, o comércio, o constante contraste entre o velho e o
novo, as boates, restaurantes, o porto e as ruínas.
Desde 1990, este espaço passa por processos de renovação, revitalização, requalificação e reabilitação urbana. Em 2003, criou-se a Lei Municipal de nº 470 “Alegra Centro” com o objetivo de incentivar empreendimentos imobiliários e turísticos. Propõe-se: criar incentivos fiscais para a iniciativa privada interessada em restaurar algum imóvel; melhorar a paisagem urbana e incentivar a implantação do comércio varejista. Assim, busca-se readequar o Centro Histórico às atividades turísticas, comerciais, de lazer e de logística portuária.
Estas obras, entretanto, são ações essencialmente repressivas à famílias, majoritariamente de baixa renda, que ali vivem, pois não são aplicadas para a melhoria de vida da população local e, sim, para melhorar a imagem da cidade, celebrar sua história, reutilizar os edifícios históricos (principalmente para o mercado), sofisticar o comércio já existente sob uma lógica elitista. Este último também é compreendido nos incentivos ao turismo e ao lazer, já que conectados a uma elite econômica, o acesso destes espaços para a população local torna-se reduzido.
É importante compreender que por trás das propostas de preservação do patrimônio histórico-
cultural e histórico-arquitetônico, há um programa de renovação urbana ideológico específico, buscando valorizar economicamente uma área sem considerar a importância desses patrimônios para a população local e como estes interagem com esse patrimônio, podendo causar certamente a gentrificação desta área.
Durante as campanhas eleitorais municipais do ano de 2020, diversos candidatos à prefeitura de Santos retomaram a discussão quanto à revitalização do centro histórico santista, muitos apresentando-a como proposta. Dessa maneira, a presente exposição tem como objetivo registrar tanto os edifícios históricos que passaram por esse processo de restauração, quanto os que se encontram em ruínas ou em estado precário de preservação, apresentando, assim, as memórias em constante disputa dentro deste ambiente.
Conclui-se que há vida no Centro Histórico de Santos, ela apenas não é o tipo de vida que as elites dominantes gostariam de mostrar e, consequentemente, acrescentar à história da cidade cujo porto é o maior da América Latina.
A exposição digital “Há vida no centro histórico de Santos” surgiu após a proposta avaliativa da Profa. Dra. Ana Rita Uhle na disciplina “História, Patrimônio e Memória”.