Birdwatching, em inglês. Observação de aves, se traduzido. Passarinhar, na forma carinhosa. Na prática, é a atividade de observar os pássaros, livres na natureza, para aprender sobre eles, reconhecer seus nomes, suas cores, seu hábitos, seus cantos. Mas passarinhar é muito mais do que isso. Quando nos dispomos a parar para prestar atenção na natureza ao nosso redor, nos damos conta da delicadeza e da beleza desse mundo novo que se abre aos nossos olhos. Passarinhar desperta em nós a sensibilidade de gostar da natureza, por ela mesma, por seu funcionamento absolutamente incrível. Passarinhar nos faz praticar a paciência, e faz isso de forma dupla: pela desaceleração do nosso modo de ver, hoje tão condicionado pela rapidez e fugacidade das redes sociais. E pela constatação de que não podemos ter o que queremos imediatamente – são os pássaros que decidem se mostrar ou não. Passarinhar nos faz entender a importância da conservação, da proteção das poucas áreas verdes que nos restam. Passarinhar tem o poder de nos fazer rever nossos critérios, nossos conceitos, de perceber a beleza singela, as vezes minúscula, as vezes monocromática, as vezes comum dos passarinhos e do seu modo de vida. Os passarinhos inevitavelmente nos fazem repensar nosso modo de vida, nosso papel enquanto sociedade e nossas noções de progresso e desenvolvimento. Nos vemos maravilhados por uma relação de completo interesse desinteressado, do gosto pelas coisas como são, do apreço pela natureza seguindo seu curso. Por isso, nós passarinhamos!
Ana Paula Rodrigues Carvalho é doutora em história, professora da rede pública estadual de ensino. Tiago Bonato é também doutor em história, professor da Unila. Ambos entusiastas da natureza – e passarinheiros! Essa exposição mostra a cidade de Foz do Iguaçu – e o início de nossa trajetória nela - por outro ângulo, a partir das aves e acima de tudo é um convite para todas(os) aquelas(es) que querem ver o mundo de outra forma.