A Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA) celebrou seus 15 anos no dia 24 de abril (quinta-feira) com um evento cultural voltado à valorização de sua história e identidade. O “Memória UNILA”, realizado no Campus Integração, reuniu a comunidade acadêmica em uma programação que destacou a importância da preservação da memória como ferramenta para projetar o futuro da instituição.
Na abertura, a reitora Diana Araujo Pereira destacou que a UNILA é fruto de uma política pública voltada à integração regional latino-americana e caribenha. Segundo ela, recuperar a história da instituição é essencial para compreender sua identidade e o papel que deve desempenhar no mundo atual. Diana enfatizou que nomear espaços, reconhecer trajetórias e refletir criticamente sobre o legado construído são atos políticos fundamentais para fortalecer a universidade. Para a reitora, celebrar a memória é também lançar sementes para o futuro, fortalecendo a UNILA para os próximos anos.

Foto por: Moises do Nascimento Bonfim
Um dos momentos centrais foi o ato de nomeação do auditório do Campus Integração, que passou a se chamar Auditório Lélia Gonzalez, em homenagem à intelectual, ativista e referência para o pensamento latino-americano e caribenho. Após a exibição de um vídeo sobre a trajetória de Lélia Gonzalez, a professora e pesquisadora Angela Maria de Souza, diretora do ILAACH e coordenadora do NEALA, destacou a relevância do conceito de amefricanidade criado pela homenageada para a construção de uma universidade verdadeiramente plural e intercultural.
Angela lembrou que o conceito desenvolvido por Lélia Gonzalez é fundamental para repensar a integração latino-americana sob a ótica dos povos negros e indígenas. Para ela, a amefricanidade propõe uma revisão crítica do conceito de América Latina, incluindo as vozes e saberes que foram historicamente silenciados pela colonização. Ela destacou que, assim como Gonzalez denunciou as exclusões dentro dos próprios movimentos sociais, a UNILA também deve atuar para visibilizar as trajetórias historicamente marginalizadas. Para além do ato simbólico de nomear o auditório, a professora propôs a construção de um acervo bibliográfico na biblioteca da UNILA, com o intuito de disseminar sua obra e pensamento. Angela ressaltou que é necessário não apenas reconhecer, mas também valorizar e incorporar as produções de mulheres negras e indígenas no ambiente acadêmico.

Foto por: Moises do Nascimento Bonfim
Após as homenagens, foi inaugurada a instalação “DesAtoDosNós”, uma composição de mais de trinta peças de cerâmica produzidas pelos primeiros discentes da UNILA durante uma oficina realizada em 2011, com mediação da artista Maria Cheung. A obra resgata a história viva da universidade e valoriza os saberes tradicionais e a interculturalidade que sempre foram marcas da instituição.
O circuito cultural seguiu com a inauguração das exposições “Retratos Interculturales” e “Mosaicos da Revolução: Poetas da América”. “Retratos Interculturales” reúne fotografias realizadas por servidores da Secretaria de Comunicação Social (SECOM), retratando a diversidade étnica e cultural da comunidade acadêmica. Já “Mosaicos da Revolução” apresenta obras do artista Javier Guerrero, compostas por representações de figuras históricas e movimentos revolucionários da América Latina. Ambas as exposições estão catalogadas e disponíveis para acesso virtual no MUD.

Foto por: Mel Morales/Labcom/SECOM
Durante a programação, também foi realizada a oficialização da doação do acervo “Mosaicos da Revolução”. O artista Javier Guerrero assinou o termo de doação ao lado da reitora Diana Araujo Pereira, reafirmando o compromisso da Universidade com a preservação e difusão da memória artística e histórica latino-americana.
O evento ainda contou com a primeira apresentação ao vivo da Canção Oficial da UNILA, composta por Marina Araldi, Aura Alejandra Espitia Saavedra e Gabriel Sampaio Souza Lima Rezende, e com a exibição do curta-metragem “Vozes unileiras, um encontro”, produzido pela professora Virginia Flores em colaboração com a comunidade acadêmica, que celebrou a multiplicidade de sotaques e identidades que convivem na instituição.
Texto: Ingrid Lopes